Um pouco sobre o tema "parafusos"

Os parafusos são o elo de ligação entre os vários componentes da mota, existem numa grande variedade de formas, cores e materiais, podem melhorar o aspeto da mota ou torná-la mais feia e, se tiverem uma cabeça redonda ou já não puderem ser desaparafusados, dão-nos uma grande dor de cabeça: Os parafusos. Como nem todos os parafusos são iguais, há alguns aspetos a ter em consideração aquando da substituição dos mesmos, para garantir um resultado com bom aspeto, boa capacidade de carga e durabilidade.

Os parafusos e as cavilhas do veículo com cargas pesadas e de maiores dimensões têm normalmente uma cabeça sextavada; a partir de 8 mm e mais pequenos, é frequentemente utilizada a cabeça sextavada interna ou a cabeça de múltiplos dentes. 

Os parafusos de fenda ou Philips convencionais têm de ser sempre manuseados com chaves de fendas adequadas e de forma cuidadosa, caso contrário, serão desgastados rapidamente (Fig. 1).

Por isso, recomendamos que os substitua, sempre que possível, por parafusos sextavados internos, se tal se adequar ao estilo da mota. 

Quando é necessário um visual atrativo, os parafusos com cabeça lenticular (Fig. 2.1 a) têm frequentemente um aspeto mais sofisticado do que os parafusos sextavados internos convencionais com cabeça de "barril" (Fig. 2.1 b). Os parafusos sextavados internos com cabeça cónica também podem ser utilizados para conferir destaques estéticos (Fig. 2.1 c).

Por razões estéticas ou de espaço, é muitas vezes aconselhável rebaixar a cabeça do parafuso até ao material. Isto é feito com uma fresa cónica (Fig. 2.2 f) e um parafuso de cabeça escareada (Fig. 2.2 e). Se tal não for possível com material fino, pode ser utilizado um parafuso de cabeça chata (Fig. 2.1 d) como alternativa, que pode não ficar nivelado, mas que sobressai o mínimo possível.

Os parafusos de cabeça redonda (Fig. 2.2 g) são mais adequados para Oldtimers ou se desejar uma estética vintage. 

Se a cabeça do parafuso não puder ser segurada no lugar durante a instalação, pode ser utilizada uma saliência quadrada por baixo ("Parafuso de reigada quadrada", Fig. 2.2 h) como proteção contra torção

Também pode escolher entre diferentes modelos de porcas. Para além da porca sextavada normal, existem também porcas com um colar, que distribuem melhor a pressão de encosto (Fig. 3.1 c). As porcas de capa são utilizadas para fins decorativos e protegem a rosca contra sujidade e intempéries (Fig. 3.1 b). 

As porcas castelares podem ser fixadas com um contrapino (sem fig.). Para a cabeça de direção, por exemplo, são utilizadas porcas ranhuradas (Fig. 3.2 e). Normalmente, é mais elegante utilizar uma porca autofrenante (Fig. 3.1 a) ou utilizar colas para fixação de parafusos (especialmente para proteger a união roscada contra vibrações). Se houver pouco espaço disponível (p. ex., debaixo do guarda-lamas), as porcas planas (sem fig.) são uma boa solução. As porcas de orelhas (Fig. 3.2 d) podem ser desmontadas sem ferramentas. 

As porcas de soldar (sem fig.) com ou sem gaiola podem ser soldadas ao objeto numa posição fixa ou deslizante. As porcas longas são utilizadas em situações em que uma porca curta ficaria demasiado inacessível, p. ex., no anel de aperto do farol (Fig. 4).

Se necessitar de distribuir um pouco a pressão de encosto, escolha parafusos/porcas com um colar ou utilize uma arruela maior. 

As arruelas elásticas (Fig. 5 a) tornam mais difícil soltar a união roscada; as arruelas dentadas (Fig. 5 b), que se "enterram" na base, são ainda mais apertadas. Devem ser utilizadas porcas autofrenantes ou uma gota de cola para fixação de parafusos na rosca, nos pontos em que haja risco de vibração. Os suportes de borracha (Fig. 5 e) podem proteger componentes (p. ex., eletrónicos) sensíveis contra vibrações. 

Se pretender proteger superfícies pintadas ou polidas, coloque uma arruela de nylon por baixo (Fig. 5 c). 

As uniões roscadas que vedam uma caixa cheia de líquido ou óleo requerem vedação. Se não houver uma vedação de papel ou de borracha a montante, uma arruela de cobre ou de alumínio (Fig. 5 d) é colocada diretamente na cabeça do parafuso como vedante. Os anéis de vedação de cobre e de alumínio só devem ser utilizados uma vez.

Caso seja necessário substituir uma cavilha rebitada numa articulação (p. ex., no apoio para os pés), pode normalmente ser montado aqui um parafuso com uma porca autofrenante, que é apertado apenas o suficiente para permitir que a junta se desloque. 

Os parafusos padrão na mota são feitos de aço. Uma vez que o aço não tratado enferruja, estes estão geralmente galvanizados ou cromados. A galvanização também pode ter um aspeto preto, amarelado ou esverdeado, mas é geralmente prateado. Os parafusos polidos ou parkerizados a preto só são adequados para a montagem no motor, uma vez que enferrujam rapidamente quando expostos a intempéries. Na Alemanha, os parafusos de aço são classificados de acordo com a resistência à tração/limite de escoamento, que se determina pela qualidade do aço. 

Para as motas, só devem ser utilizados parafusos com uma resistência à tração/limite de escoamento de 8.8 ou superior (9.8, 10.9 ou 12.9)

Os parafusos de baixa qualidade, que podem ser comprados em lojas de bricolage, por exemplo, são de qualidade insatisfatória (demasiado macios).

As porcas de aço são rotuladas de acordo com a sua resistência à tração. Para uma união roscada ideal, a porca deve ter pelo menos a mesma resistência à tração que o parafuso.

Para porcas/parafusos de aço métricos, podem ser utilizados como base os seguintes binários de aperto padrão: 

Binários de aperto para parafusos de acordo com classes de resistência — Rosca padrão métrica 

conforme DIN-ISO (valores padrão gerais relacionados com o parafuso e não com a utilização prevista — em caso de aplicação no veículo, deve ser implementada a recomendação do fabricante do veículo, se disponível, ver manual da oficina).

A utilização de materiais inoxidáveis para uniões roscadas faz todo o sentido numa mota e melhora a sua estética quando utilizados corretamente. 

O titânio é um terço mais leve do que o aço, tem um fantástico aspeto "High Tech" e possui aproximadamente a mesma resistência à tração que um parafuso 8.8. Por conseguinte, pode ser perfeitamente utilizado para a maioria das aplicações numa mota (Fig. 7 c). 

O alumínio é ainda mais leve (1/3 do peso do aço). No entanto, em função da qualidade do alumínio, a resistência à tração corresponde apenas a um parafuso de aço 5.6 — o que é demasiado baixo para todos os pontos de montagem da mota que estão sujeitos a tensão! Os parafusos de alumínio são ideais para tampas do motor, uma vez que têm o mesmo coeficiente de dilatação térmica que a caixa de alumínio, de modo que as roscas são protegidas eficazmente. Também podem ser utilizados para todas as peças pequenas que não estejam sujeitas a grandes cargas (Fig. 7 a).

Os parafusos de aço inoxidável feitos de V2A ou V4A (Fig. 7 b) são ligeiramente mais pesados do que os parafusos de aço, mas têm um aspeto bonito e sofisticado. Quando polidos, brilham praticamente como se fossem cromados e são particularmente atrativos em acabamentos a preto. A sua resistência à tração é ligeiramente inferior à dos parafusos de aço. 

A2-50 e A4-50: oss valores aplicam-se sem limitação de comprimento. A2-70 e A4-70, assim como A2-80 e A4-80: os valores só se aplicam a comprimentos de parafuso até oito vezes o diâmetro da rosca.

O coeficiente de dilatação térmica dos parafusos de aço inoxidável é significativamente diferente em comparação com o do alumínio. Por isso, é aconselhável proceder com cautela ao utilizá-los em caixas de motor — se o alumínio fundido for de fraca qualidade, as roscas podem sofrer ruturas!

Em qualquer caso, deve instalar parafusos de alumínio, titânio e VA com pasta de cerâmica como agente de separação na rosca; isto evita a gripagem e a corrosão por contacto, sendo que, além disso, a pasta de cerâmica é também altamente resistente ao calor.

O latão é um ótimo material para adicionar destaques estéticos à mota, especialmente quando se trata de um aspeto vintage. Um parafuso de latão numa boa liga pode atingir um pouco menos de 2/3 da resistência à tração de um parafuso 8.8 e, por conseguinte, estaria, à semelhança do V2A, na classe de resistência média. No entanto, uma vez que a resistência à tração não está indicada no parafuso, deve ter-se cuidado — e, para jogar pelo seguro, deve optar-se por uniões roscadas que não tenham de estar sujeitas a grandes cargas. 

As Harley V-Twin e as inglesas clássicas estão equipadas com parafusos em polegadas, sendo o mais comum a rosca padrão americana UNC para roscas grossas e UNF para roscas finas. A resistência é identificada com linhas de código centrais na cabeça do parafuso (Fig. 8). 

Caso não existam quaisquer linhas de código, a resistência é inferior ao valor de referência alemão DIN-ISO 8.8. Três linhas (ver Fig. 8) marcam os parafusos "Grade 5" com uma resistência à tração na gama 8.8 — estes parafusos são adequados para a maioria das conexões na mota. Os parafusos de qualidade ainda mais elevada "Grade 7" e "Grade 8" têm 5 e 6 linhas, respetivamente, enquanto os rotulados como L9 ("Grade 9") ou ASTM A574 têm a maior resistência à tração. Os parafusos em polegadas inoxidáveis são frequentemente rotulados como 304 ou 316 e têm uma resistência à tração inferior à dos parafusos "Grade 5" (com três linhas).