Sincronizar os carburadores

O ponto morto aos solavancos, a falta de resposta do acelerador e mais vibrações do que as esperadas em motores multicilíndricos podem indicar que os carburadores não estão sincronizados. Para comparar este fenómeno com uma equipa de cavalos, imagine que um cavalo só pensa em galopar, enquanto outro prefere andar a trote calmamente e os dois últimos só andam. O resultado: aquele que galopa puxa toda a carga em vão, os cavalos lentos começam a tropeçar, o que está a andar a trote não sabe o que se está a passar e nada corre bem ao "cocheiro".

Antes de pensar em sincronizar os carburadores, tem de confirmar que tudo o resto está em ordem. A ignição e as válvulas têm de estar corretamente ajustadas, tal como a folga nos cabos Bowden. O filtro de ar, os coletores de admissão e as velas de ignição também têm de estar em bom estado. 

Primeiro, ligue a mota até aquecer. Depois, coloque-a no descanso principal e desligue o motor. Depois, retire o depósito e tampas ou peças da carenagem que possa estar a atrapalhar. O frasco de gasolina tem ficar sempre mais alto em relação aos carburadores. Agora, é a vez do dispositivo de teste de sincronização. Para facilitar o embalamento, normalmente os dispositivos de teste de sincronização são fornecidos desmontados. No entanto, é fácil montar: basta seguir as instruções. Antes de cada utilização, aperte sempre à mão o parafuso serrilhado para regular a passagem de ar, mas sem entalar a mangueira. 

O motivo: estamos a lidar com vácuos muito baixos, pelo que as agulhas dos mostradores reagem de forma sensível. Se ligarmos um vacuómetro com um amortecimento demasiado baixo e, a seguir, ligarmos o motor, a agulha oscila violentamente de um extremo para o outro com cada ciclo do motor e o vacuómetro pode ficar danificado. 

Agora, ligue as mangueiras do dispositivo de teste de sincronização à mota. Dependendo do modelo, deve ligá-las à cabeça do motor (ver Fig. 1) aos carburadores (normalmente na parte superior, em direção ao coletor de admissão), ou ao coletor de admissão (ver Fig. 2). 

Normalmente, este tem mangueiras de ligação que estão fechadas com uma tampa de borracha. Os pequenos bujões roscados no carburador ou na cabeça do motor têm de ser desaparafusados e substituídos por adaptadores de tubos roscados (os mais comuns são fornecidos com os dispositivos de teste de sincronização). 

Antes de ligar os vacuómetros, é preciso sincronizá-los entre si. Isto permite-lhe identificar sempre um vacuómetro com leituras incorretas ou fugas nas mangueiras ligadas. Para tal, comece por ligar todos os vacuómetros uns aos outros com adaptadores T ou Y (fornecidos frequentemente com os dispositivos de teste de sincronização), de modo a que todos eles conduzam a uma única extremidade do mangueira. A seguir, ligue esta extremidade a um carburador ou coletor de admissão. As outras ligações permanecem fechadas.

Agora, ligue o motor e regule os vacuómetros com as porcas serrilhadas de modo a que as agulhas continuem a ter um movimento "vivo", mas estejam suficientemente amortecidas. Se as agulhas estiverem completamente paradas, significa que o vacuómetro está bloqueado. Neste caso, deve voltar a desapertar ligeiramente as porcas serrilhadas. Agora, todos os vacuómetros devem mostrar os mesmos valores. Desligue novamente o motor. Assumindo que os vacuómetros estão completamente intactos, pode agora ligar um vacuómetro a cada cilindro e colocar os vacuómetros num local seguro da mota, fixando-os de modo a não caírem (tenha cuidado, porque os vacuómetros tendem a "passear" devido às vibrações do motor). 

Ligue o motor, acelere-o suavemente algumas vezes até cerca de 3000 rpm e deixe-o estabilizar em ponto morto. Verificar as leituras nos vacuómetros e, se necessário, reajuste com as porcas serrilhadas até conseguir leituras suficientemente claras. A maioria dos fabricantes tolera um desvio de até 0,03 bar nos valores. 

Agora, dependendo do modelo, localize o "carburador de referência" da bateria de carburadores e regule todos os outros, um após o outro, o mais exatamente possível para o valor deste, utilizando os parafusos de ajuste. Também pode seguir o procedimento acima indicado: regular os dois carburadores da direita e da esquerda e, depois, os dois carburadores do meio entre si. Entretanto, acelere algumas vezes para verificar se o ponto morto se estabiliza na velocidade de rotação correta. Se necessário reajuste com o parafuso de ajuste do ponto morto. Se a sincronização se revelar impossível, os carburadores podem estar a receber ar parasita através de um coletor de admissão poroso/com fugas na ligação ao carburador ou à cabeça do motor, ou a regulação de base dos carburadores pode estar completamente baralhada. Mais raramente, a causa deve-se a um carburador muito contaminado. É necessário detetar e eliminar estas possíveis falhas; caso contrário, todas as tentativas de sincronização serão inúteis. Pode obter mais informações sobre como limpar um carburador nas Dicas para mecânicos amadores "Carburadores".

No entanto, assumimos que foi um sucesso e felicitamo-lo por ter uma mota com um funcionamento consideravelmente mais suave e uma resposta mais espontânea do acelerador, tornando a condução ainda mais agradável do que antes. Agora, pode retirar o dispositivo de teste de sincronização e despressurizar as mangueiras desapertando ligeiramente as porcas serrilhadas. Volte a colocar os bujões roscados (aproveite a oportunidade para verificar a existência de porosidade) ou volte a aparafusar os parafusos de vedação sem os forçar (material flexível!). Para terminar, monte e ligue o depósito, a tampa/carenagem e, se necessário, deite o resto do frasco de gasolina diretamente no depósito.