Substituir os discos de travão na mota

"Travar muito bem" é absolutamente vital no tráfego rodoviário atual. É por isso que a verificação regular do sistema de travagem é indispensável para todos os motociclistas — deve ser realizada com mais frequência do que apenas de dois em dois anos, pelo "senhor da inspeção". Para além da mudança do líquido dos travões velho e da substituição das pastilhas gastas, a manutenção do sistema de travagem inclui também o controlo dos discos de travão. Cada disco de travão tem uma espessura mínima especificada pelo fabricante, que não pode ser desrespeitada. Isto deve ser verificado com um parafuso micrométrico, e não com um calibre corrediço. No disco de travão, forma-se uma pequena saliência devido à remoção de material na extremidade mais exterior, o que iria deturpar a medição caso fosse utilizado um calibre corrediço.

A substituição do disco de travão não deve ser efetuada apenas quando o limite de desgaste é atingido. Com forças de travagem elevadas, os discos de travão podem atingir temperaturas de até 600 °C. 

Devido, em particular, às diferentes temperaturas no anel exterior e no suporte em estrela do disco de travão, ocorre uma dilatação térmica desigual, que pode resultar na deformação do disco. As temperaturas extremas também ocorrem no dia a dia. A condução em descidas (normalmente com bagagem pesada e acompanhante) eleva as temperaturas a valores vertiginosos devido à constante aplicação dos travões. O encravamento dos pistões das pinças de travão provoca frequentemente temperaturas elevadas e os discos ficam extremamente desgastados devido ao contacto constante com a pastilha. Nesta situação, também é possível a deformação dos discos, sendo particularmente afetados os discos de grande diâmetro e de suspensão rígida.

Nas motas modernas, são utilizados discos rígidos de baixo custo quando as cargas de travagem são relativamente baixas. Os discos flutuantes no eixo dianteiro representam o estado atual da técnica e apresentam as seguintes vantagens:

• A redução da massa em rotação aumenta a manobrabilidade
• Menos massa não suportada por molas
• Melhor adaptação dos materiais às exigências
• Resposta mais espontânea dos travões
• Menor tendência para a deformação dos discos de travão

Os discos flutuantes têm um anel interno que é aparafusado ao cubo da roda, enquanto os "flutuadores" móveis fornecem a ligação ao anel externo no qual as pastilhas de travão encaixam. Se esta ligação ultrapassar 1 mm de folga axial, o disco de travão faz ruído e tem de ser substituído. Qualquer folga radial cria uma espécie de "rasto" durante a travagem e é também avaliada como um defeito pela TÜV.

Em primeiro lugar, levante a mota de forma segura, para que a roda a ser trabalhada fique aliviada. Se a mota não possuir um descanso principal, deve ser utilizado um cavalete. Em primeiro lugar, retire a(s) pinça(s) de travão dos respetivos suportes e substitua as pastilhas de travão de acordo com as nossas Dicas para mecânicos amadores "Pastilhas dos travões". Em seguida, pendure a respetiva pinça do travão no veículo com um fio isolado, por exemplo, para que não interfira com a subsequente remoção da roda — não a deixe simplesmente a "baloiçar" na mangueira de travão.

Solte o eixo da roda e remova a roda da forquilha dianteira/do braço oscilante traseiro. Se o eixo da roda não puder ser solto facilmente, verifique primeiro se ainda está fixo, por exemplo, com parafusos de aperto adicionais. Se, mesmo assim, não for possível soltar os parafusos, as nossas Dicas para mecânicos amadores "Desapertar parafusos" podem ajudá-lo.

Posicione a roda sobre uma superfície de trabalho adequada e desaperte os parafusos de fixação do disco de travão em cruz. Utilize uma ferramenta de qualidade adequada, especialmente para parafusos sextavados internos fixos, e certifique-se de que a ferramenta encaixa o mais profundamente possível no sextavado interno — quando as cabeças dos parafusos estão estragadas de tal forma que nenhuma ferramenta consegue ser encaixada nas mesmas, a remoção do parafuso torna-se um problema. Se os parafusos estiverem muito apertados, ajuda habitualmente aplicar calor de um secador de ar quente e bater na ferramenta com um martelo soltá-los. Se um sextavado interno na cabeça do parafuso estiver desgastado, pode tentar cravar uma ponta de tamanho superior e desapertar o parafuso com a mesma.

Retirar o(s) disco(s) de travão antigo(s) do cubo e limpar a superfície de contacto. As irregularidades (resíduos de esmalte, resíduos de Loctite, etc.) têm de ser eliminadas. Isto também facilita a limpeza da jante e do eixo. Se o eixo estiver enferrujado, a ferrugem pode ser removida com uma lixa, por exemplo.

Agora, posicione o(s) novo(s) disco(s) de travão. Aperte os parafusos de fixação em cruz, com o binário de aperto especificado pelo fabricante do veículo. Os parafusos de fixação originais muito corroídos ou danificados devem ser substituídos por novos.

Antes do acionamento do cilindro do travão de mão, certifique-se de que existe espaço suficiente no reservatório do líquido dos travões para um nível mais elevado. As pastilhas e os discos novos pressionam o fluido para fora do sistema, para cima, e não podem ultrapassar a marcação "Máximo". Acione o cilindro de travão principal para que as pastilhas dos travões de disco encostem. Verifique o ponto de pressão do travão. Verifique se a roda se move livremente depois de soltar o travão. Se o travão arrastar, pode haver um erro de montagem ou os pistões de travão estão encravados na pinça do travão.